A classificação é feita considerando o número de medalhas de ouro e o Brasil ganhou 3 medalhas de ouro nas Olimpíadas e 25, nas Paralímpiadas. Se o critério fosse o número total de medalhas, o Brasil teria ficado em 12º lugar nas Olimpíadas, empatado com a Nova Zelândia, com 20 medalhas e teria conquistado o 4º lugar nas Paralimpíadas, com 89 medalhas, superando então a Holanda, que ficou com 56 medalhas no total, mas com 27 de ouro, contra 25 do Brasil.
A diferença de performance "20º lugar X 5º lugar," no critério oficial e "12º X 4º", no critério do número total de medalhas, na minha opinião, tem muito a ver com a gestão. Eu fiquei muito impressionado com a entrevista que eu fiz com o Mizael Conrado, Presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, desde 2017. Antes disso, entre 2009 e 2017, Mizael Conrado exerceu a função de vice-presidente e secretário-geral da entidade durante os mandatos de Andrew Parsons. A entrevista teve também participação do Professor Pedro Trengrouse, Coordenador Acadêmico do Programa FIFA/FGV/CIES em Gestão de Esporte da FGV.
Vejam algumas informações interessantes que o Mizael compartilhou na entrevista:
1 - "A Governança no esporte tem os seus pilares, que qualquer processo precisa respeitar, tais como: transparência, equidade, responsabilidade institucional e accountability. Esses pilares precisam estar presentes em todos os processos do Comitê."
2 - "É fundamental entender qual o melhor modelo de governança para cada tipo de negócio. Muitas vezes confundimos os segmentos e isso, ao invés de contribuir com o desenvolvimento, pode, inclusive, prejudicar. É fundamental entender do negócio para, a partir daí, criar a melhor governança, que, sem dúvida, é aquela que gera resultado."
3 - "A melhor forma de avaliar uma governança é por meio do resultado."
4 - "Criamos um Conselho, com 5 membros (3 independentes), certificados pelo IBGC, o que é muito importante, pois, vemos em conselhos pessoas que não estão preparadas adequadamente para desempenhar as funções de um Conselheiro de Administração, o que é fundamental para qualquer empresa e para qualquer organização."
5 - "Por mais que o nosso negócio seja o esporte de alto rendimento e a inclusão por meio do esporte, nós precisamos atuar enquanto empresa. O nosso objetivo é ter eficiência no mercado, pois atuamos não só para criar uma boa governança, mas também pensando nos três pilares do ESG."
6 - "A gestão é algo que está em constante evolução. É preciso acompanhar, de maneira vigilante, esta evolução e este desenvolvimento veloz que vemos em nosso dia a dia. A constante atualização é fundamental para fazer uma boa gestão."
Desta forma, fica fácil de entender que esse sucesso extraordinário do nosso time paralímpico não aconteceu do nada. Foram muitos anos de gestão séria, moderna e super competente de um grupo de profissionais liderado pelo Mizael, já que sabemos, perfeitamente, que quem ganha o jogo é o time e ninguém faz nada excepcional sozinho.
Vale lembrar que o Mizael, aos nove anos, teve um descolamento de retina, que iniciou a perda de sua visão. Ficou completamente cego aos 13 anos. Se formou em Direito, pela Universidade Cidade de São Paulo e fez Mestrado em Administração Pública e Governo, pela Fundação Getulio Vargas - FGV. Foi, por duas vezes, eleito o melhor jogador do mundo do futebol de 5, aquele esporte extraordinário, onde os jogadores são cegos, com exceção do goleiro.
Lançamos recentemente, na plataforma da Academia CEO, uma edição revisada e editada da entrevista do Mizael. Para assistir a entrevista completa, acesse www.academiaceo.com.br
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